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quinta-feira, 26 de julho de 2012

AS RELIGIÕES E O SAGRADO



A missa no domingo, a pregação do pastor, os batuques do candomblé, a peregrinação a Meca, o sacrifício de animais ou as orações no muro das lamentações. Todos esses eventos são considerados manifestações religiosas, todos eles estão ligados a alguma religião. Mais afinal o que é uma religião? Como que atividades tão diferentes podem ser reunidas sob um único nome, isto é, religião. O que tem em comum o islamismo, o cristianismo, o judaísmo e o candomblé para serem chamados de religião? Alguns poderão dizer: é religião porque acredita em Deus! Errado! Existem as religiões politeístas que acreditam em diversos deuses. Ou seja, acreditar em Deus não é critério para definir se algo é uma religião ou não. O filósofo e historiador romeno Mircea Eliade buscou entender o que é uma religião. Ele investigou quais características em comum tem atvidades tão diferentes.
A palavra religião vem do latim: religio, formada pelo prefixo re (outra vez, de novo) e o verbo ligare (ligar, unir, vincular). A religião é um vínculo, re-liga o homem ao sagrado. Toda religião tem essa função, estabelecer um vínculo entre os homens e algo sagrado. Mas o é o sagrado? Sagrado é, pois, a qualidade excepcional – boa ou má, benéfica ou maléfica, protetora ou ameaçadora – que um ser possui e que o separa e distingue de todos os outros. O sagrado pode suscitar devoção e amor, repulsa e ódio. Esses sentimentos suscitam um outro: o respeito feito de temor. Nasce, aqui, o sentimento religioso e a experiência da religião.
A manifestação de algo sagrado é chamado por Mircea Eliade de hierofania. A manifestação do sagrado pode se dar por meio de uma pedra, uma árvore, uma montanha, uma pessoa. Na religião cristã, por exemplo, a manifestação do sagrado se dá por meio da encarnação de Deus em Jesus Cristo. Em todos esses fenômenos existe a compreensão de que algo que pertence a “uma ordem diferente” ou “a um outro mundo” se manifesta no nosso mundo profano. O profano é justamente aquilo que não é sagrado.
O espaço sagrado

Na imagem ao lado vemos a foto da mesquita de Meca, este é um lugar considerado sagrado pelos Mulçumanos. Embaixo da foto da mesquita vemos a foto de um templo hindu. Logo abaixo vemos um barracão de candomblé. O que a mesquita, o templo e o barracão têm em comum? Todos eles são lugares considerados sagrados para as suas respectivas religiões.
Toda religião é constituída por espaços sagrados, ou seja, lugares privilegiados onde o homem religioso pode entrar em contato com o sagrado. O espaço sagrado pode ser uma igreja, uma mesquita
uma sinagoga, um barracão de candomblé. No entanto, os espaços sagrados não são somente construções humanas. Existem montanhas, florestas, campos que podem ser considerados espaços sagrados. 



ESTUDO DIRIGIDO

-O texto abaixo é do livro “O sagrado e o profano” do filósofo e historiador Mircea Eliade. Leia atenciosamente o texto para em seguida responder as questões.
......................................................................................................................................................................... Para o homem religioso, o espaço não ê homogêneo: o espaço apresenta roturas, quebras; há porções de espaço qualitativamente diferentes das outras. “Não te aproximes daqui, disse o Senhor a Moisés; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar onde te encontras é uma terra santa.” (Êxodo, 3: 5) Há, portanto, um espaço sagrado, e por conseqüência “forte”, significativo, e há outros espaços não sagrados, e por conseqüência sem estrutura nem consistência, em suma, amorfos.
[...] A fim de pôr em evidência a não homogeneidade do espaço, tal qual ela é vivida pelo homem religioso, pode-se fazer apelo a qualquer religião. Escolhamos um exemplo ao alcance de todos: uma igreja, numa cidade moderna. Para um crente, essa igreja faz parte de um espaço diferente da rua onde ela se encontra. [...] Assim acontece em numerosas religiões: o templo constitui, por assim dizer, uma “abertura” para o alto e assegura a comunicação com o mundo dos deuses.
[...] Todo espaço sagrado implica uma hierofania, uma irrupção do sagrado que tem como resultado destacar um território do meio cósmico que o envolve e o torna qualitativamente diferente. Quando, em Haran, Jacó viu em sonhos a escada que tocava os céus e pela qual os anjos subiam e desciam, e ouviu o Senhor, que dizia, no cimo: “Eu sou o Eterno, o Deus de Abraão!”, acordou tomado de temor e gritou: “Quão terrível é este lugar! Em verdade é aqui a casa de Deus: é aqui a Porta dos Céus!” Agarrou a pedra de que fizera cabeceira, erigiu a em monumento e verteu azeite sobre ela. A este lugar chamou Betel, que quer dizer “Casa de Deus” (Gênesis, 28: 1219).
[...] Quando não se manifesta sinal algum nas imediações, o homem provoca o, pratica, por exemplo, uma espécie de evocação com a ajuda de animais: são eles que mostram que lugar é suscetível de acolher o santuário ou a aldeia. Trata-se, em resumo, de uma evocação das formas ou figuras sagradas, tendo como objetivo imediato a orientação na homogeneidade do espaço. Pede se um sinal para pôr fim à tensão provocada pela relatividade e à ansiedade alimentada pela desorientação, em suma, para encontrar um ponto de apoio absoluto. Um exemplo: persegue se um animal feroz e, no lugar onde o matam, eleva se o santuário; ou então põe se em liberdade um animal doméstico – um touro, por exemplo –, procuram-no alguns dias depois e sacrificam no ali mesmo onde o encontraram. Em seguida levanta se o altar e ao redor dele constrói se a aldeia (Mircea Eliade. “O sagrado e o profano”).


ATIVIDADES

1. Explique como o homem religioso compreende o espaço.
2. Qual é a função do espaço sagrado?
3. O texto mostra dois modos diferentes de se escolher um espaço que será considerado sagrado. Explique cada um deles. 

Um comentário:

Fernanda M/ Matheus Sant'Ana/ Michelle Leal / Thayssa Brasil/ 2°B. disse...

1) O homem religioso compreende o espeço como um lugar sagrado onde ele adora oque ele acredita ser sagrado.

2)A função do espaço sagrado é fazer uma ligação entre o homem e o que o mesmo considera sagrado,podendo assim desligar-se do mundo e se dedicar a sua adoração.

3)O homem tem livre abítrio para escolher o seu espaço sagrado e se esse espaço vai ser repleto de amor ou de ódio.
Diante do texto o primeiro modo de escolher um espaço sagrado é aquele onde se contrói uma igreja, numa cidade. Para um crente, essa igreja faz parte de um espaço diferente da rua onde ela se encontra.
Outro modo de escolher o espaço sagrado é aquele onde o homem provoca, pratica, por exemplo, uma espécie de evocação com a ajuda de animais: são eles que mostram que o lugar é suscetível de acolher o santuário ou a aldeia.Perseguem um animal feroz e, no lugar onde o matam, eleva-se o santuário.Ou põe um animal em liberdade,depois de alguns dias procura-o e onde encontram sacrificam-o,em seguida levanta se o altar e ao redor dele constrói se a aldeia.