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quarta-feira, 20 de março de 2013

Um braço arrancado é mais do que apenas um braço arrancado

São Paulo é uma não-cidade.
Não pelo atropelamento na avenida Paulista de um jovem, morador do Jardim Pantanal, bairro pobre do extremo Leste da capital, que costumava ir para o trabalho de bicicleta.
Não por outro jovem que saiu de uma balada no Itaim Bibi, bairro rico da cidade, dirigindo seu carro bonito, após ter ingerido álcool, na madrugada.
Não por uma alegação de que houve fuga sem que fosse prestado socorro por medo de linchamento.
Não pelo motorista ter arrancado o braço do ciclista na batida e, ao descobrir o membro em seu automóvel quilômetros depois, tê-lo arremessado em um córrego fétido ao invés de devolver para um reimplante.
Não, por nada disso.
Pois li e reli todas as notícias produzidas sobre o caso e percebi, de forma melancólica, que essa sequência de fatos bizarros, sem razão nenhuma de ser, fazem muito sentido para mim, que sou morador da maior cidade do país. De uma forma ou de outra, já ouvi essa história antes, com pequenas variações e tenho certeza que meus colegas a relataram outras tantas, com outros nomes. Às vezes é um braço que se vai preso a um carro, às vezes é uma vida inteira lançada ao esgoto.
Mas isso não deve fazer sentido para milhões de outras pessoas, moradoras de milhares de outras cidades no país. Não, não estou dizendo que São Paulo é mais violenta. Mas em São Paulo, apesar da indignação, o surreal e o insano fazem todo o sentido. Nós os banalizamos.
E ajudamos a construir uma cidade, que não faz sentido, por nossa ação ou omissão.
Podemos tentar fazer diferente?
Num passe de mágica, o braço emergiu do córrego e voou para as mãos de Alex, que entrou em seu carro e, rapidamente, chegou à avenida Paulista onde David o esperava deitado no chão. Ao chegar, o braço retornou de pronto ao seu lugar e a bicicleta prateada se desamassou. Alex voltou para o carro a tempo de chegar antes do fim da balada. Passou uma noite alegre, bebendo com os amigos. Quando o barman deixou cair o copo no chão, fazendo com que o tempo voltasse a correr para frente, chegou para um camarada e pediu para colocá-lo num táxi. Em casa, caiu em sono profundo, como há muito tempo não fazia, e sonhou com o futuro.
Queria que as coisas fossem tão fáceis quanto uma inversão de texto.
E que a responsabilidade pelo acontecido, no fundo, fosse só dele.
“Meu filho disse que, mesmo sem o braço, tem a impressão de que ainda pode mexê-lo.”
E que essa história saísse da minha cabeça e me deixasse dormir.



Fonte: uol.com.br - Blog do Sakamoto
Colaboração: Bete - 3º ano de Publicidade

segunda-feira, 18 de março de 2013

O cérebro pós-moderno: como as redes sociais nos transformam



A internet não mudou somente a forma como as pessoas produzem, criam, se comunicam e se divertem. De acordo com o neurocientista Gary Small, diretor do Centro de Pesquisa em Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia (UCLA), ela altera o funcionamento do cérebro.
“Sob certo aspecto, essa revolução digital nos mergulhou em um estado contínuo de atenção parcial. Estamos permanentemente ocupados, acompanhando tudo. Não nos focamos em nada. (…) As pessoas passam a existir num ritmo de crise constante, em alerta permanente, sedentas de um novo contato ou um novo bit de informação”. Gary Small.
Essa sede por novidades, por consumir toda a informação disponível, é o que ocorre com as redes de relacionamento, segundo a pesquisa do Doutor Small. Ao nos acostumarmos à essa excitação, procuramos estar constantemente conectados. “As redes sociais são particularmente sedutoras. Elas nos permitem constantemente satisfazer nosso desejo humano por companhia e interação social”.
Um estudo que está sendo realizado na Universidade da Califórnia começou a desvendar o efeito que as redes sociais produzem no organismo. Os resultados mostraram que twittar, por exemplo, estimula a liberação de níveis de ocitocina e, consequentemente, diminui os níveis de hormônios como cortisol e ACTH, associados ao estresse. Ou seja, isso significa que o cérebro pode ter desenvolvido uma nova maneira de interpretar as conversas no Twitter. E, de acordo comPaul Zack, esta nova maneira é a seguinte: “o cérebro entende a conexão eletrônica como se fosse um contato presencial”, o que pode justificar a mudança que as redes sociais causaram na forma como nos relacionamos e fazemos amizades.
E como isso se relaciona com nosso vício de checar a todo instante o Facebook? É possível que estas interações online dêem às pessoas o mesmo sentimento e sensação que elas teriam ao encontrar seus amigos cara-a-cara. Se esta hipótese, levantada nos estudos de Paul Zack, se confirmar, temos algumas implicações para as empresas que atuam em mídias sociais. http://c.gigcount.com/wildfire/IMP/CXNID=2000002.0NXC/bT*xJmx*PTEyOTg*NzQ5NDY1MzEmcHQ9MTI5ODQ3NDk1Mjc2NSZwPTEwMjExMjImZD*mZz*yJm89ODMzOGQ5MjMxZjVmNDljNDkw/YWE1OTQ4MDg1YzA2NzAmb2Y9MA==.gif
Empresas como Zappos, Nike, Starbucks e outras com grandes cases de ações inovadoras nas redes sociais (que você pode conferir nestes posts), que efetivamente se conectam com seus consumidores online, estarão no topo devido ao que estão construindo: fazendo os consumidores se sentirem como grandes amigos.
Os resultados de pesquisas de neurociência relacionadas às redes sociais, enfim, devem ser tratados como uma ferramenta muito importante para as empresas que querem construir um verdadeiro relacionamento com seus consumidores online.
Photographs by Bryce Duffy

Fonte: http://www.gilgiardelli.com.br