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terça-feira, 26 de abril de 2011

O QUE NÃO É FILOSOFIA

 
No ambiente escolar é comum o professor iniciar o estudo de uma nova disciplina dando-lhe o conceito – ou definindo-a. Começa-se, em geral, dizendo o que é aquilo que se vai estudar. Quem vai estudar física, inicia dizendo o que física. E a partir dessa definição pensa já estar sabendo algo de física. Só então é que continua o estudo. Essa é uma forma correta de se começar algo. Mas não é a única. Talvez nem seja a melhor forma de se começar um estudo!
Existem outras formas, em alguns casos, por vezes mais eficientes.

Em muitos casos o que se diz sobre as outras áreas do conhecimento pode-se aplicar à filosofia. Por vezes com proveito e em outros casos nem tanto. Mas aqui não vamos proceder como se faz no estudo das outras áreas, pois a filosofia é diferente. Primeiro por que não é muito fácil dizer o que é filosofia. Depois por que o conceito será sempre aproximativo. Além disso, toda definição é limitada e sempre deixa algo de fora, ficando sempre alguma explicação a ser dada; toda definição é uma tentativa de “por um fim” na discussão, mas a filosofia está sempre iniciando uma nova discussão, portanto não lhe cabe uma definição.

O fato é que muito se fala sobre filosofia, entretanto nem tudo corresponde à verdade. Nem tudo o que se diz sobre algo faz desse algo aquilo que se diz dele. O que se diz é uma visão, uma versão, um ponto de vista. A realidade daquilo que se fala é mais do que aquilo que se pode dizer.

E isso se aplica à filosofia. Aqui, portanto, começamos a falar sobre o que não é filosofia. O que não é pode indicar uma pista para o que é. Quem sabe qual caminho não deve ser seguido está menos perdido do que quem pensa saber qual o caminho correto. Isso se existir um caminho correto
Em primeiro lugar é importante dizer que nem tudo aquilo que popularmente é afirmado sobre filosofia corresponde à verdade. Vejamos, portanto, algumas falsas concepções:
FILOSOFIA DE VIDA: Isso que é chamado de Filosofia de Vida não é filosofia. Essa expressão é utilizada para designar um determinado jeito de viver, um estilo de vida, uma concepção de mundo e de vida. Ao que se chama “filosofia de vida” é, numa linguagem acadêmica, a “Cosmovisão”: uma forma específica de conceber o mundo, a vida e o viver.
PENSAMENTOS, FRASES, PROVÉRBIOS: O que entendemos, popularmente, com isso, não é filosofia.
Toda aquela parafernália de frases, pensamentos, provérbios; tudo isso é usado para produzir um efeito especial, mas não se constitui filosofia. Mesmo que a frase tenha sido retirada de um texto filosófico ou tenha sido escrita por um filósofo.
Mesmo um livro de filosofia não é filosofia.
A partir da frase, do provérbio ou do pensamento podemos fazer filosofia; fazer uma discussão/análise filosófica. Mas isso não faz da frase ou do pensamento, filosofia.
A análise pode ser filosófica, mas o provérbio continua sendo apenas um provérbio, bonito, iluminador… mas um provérbio! Portanto não importa a interpretação que se faça da frase, do pensamento ou do provérbio, eles continuam não sendo filosofia.
OUTROS EQUÍVOCOS: Também estão equivocadas as opiniões estereotipadas que apresentam visões distorcidas ou irônicas sobre a filosofia. Existem algumas afirmações que já são tradicionais e, consequentemente, tradicionalmente equivocadas: afirma-se que a filosofia é “difícil ou complicada”; que é “coisa de doido”; que é “coisa de intelectual”
Filosofia é “Difícil” ou “Complicada”. Dizer que algo é difícil ou complicado é instalar-se no comodismo, negando a capacidade humana de progredir.
Não nos esqueçamos que foram justamente as dificuldades e complexidades que fizeram o homem sair das cavernas para construir os arranha-céus. O progresso humano não é feito por facilidades, mas por dificuldades. Assim sendo, esse tipo de afirmação não depõe contra, mas a favor da filosofia. Ela está ai para ajudar os seres humanos a serem melhores e melhorarem suas condições de vida.
Filosofia é “coisa de doido”. Essa é uma afirmação contraditória por princípio.Dizemos que a “doidura” é incoerente. Como a filosofia busca a coerência, dizer que ela é coisa de doido é uma contradição.
Como determinar o que é loucura e o que é sanidade? A loucura de um pode ser a sanidade de outro. Como saber se o ato, considerado louco, na realidade não é sano e coerente? Quem são os loucos: aqueles a quem o senso comum assim considera ou as pessoas que convivem conosco no dia-a-dia? Ou você não considera loucura num clima quente como o nosso: vestir um paletó, colocar uma gravata, entrar numa sala, fechar a porta, começar a transpirar de calor e ligar ar condicionado? Não é loucura o que fazem algumas pessoas que trabalham “o tempo todo” e não se dão o direito de lazer, ou de usufruir dos resultados do trabalho?
Não devemos esquecer que o progresso humano se deu não pelos atos sensatos, mas pelos que arriscaram, que apostaram na irrazoabilidade e foram chamados de doidos.
Filosofia é “coisa de intelectual”. Quem faz essa afirmação está dizendo que nem todos são intelectuais, pois nem todos são filósofos. Mas afirmar isso seria negar a capacidade reflexiva que está presente em todas as pessoas.
O que é “ser intelectual?” No senso comum, não está claro, mas tende-se a chamar de intelectual a pessoa que considerada inteligente, que estudou bastante, que é considerada sábia. Mas chamar essas pessoas de intelectuais e dizer que a filosofia lhes é “própria” é considerar que as outras pessoas não têm capacidade de reflexão, de estudo, de aprender… Todos os seres humanos são capazes de pensar, de raciocinar, de crescer intelectualmente.
Dizer que a filosofia é “coisa de intelectual” é negar essa capacidade, presente em todas as pessoas. Além disso, alguns dos chamados intelectuais, sabem muito de alguma área específica, mas não sabem nada de coisas corriqueiras, ou de outras áreas do conhecimento.

Fonte: www.webartigos.com
(este texto é parte de material utilizado em aulas de filosofia para os cursos de Letras e Pedagogia, da FAP-P.Bueno-RO)

Neri de Paula Carneiro
Filósofo, Teólogo, Historiador

Atividade: Coloque seu comentário sobre o texto, não se esqueça de colocar seu nome e oano em que estuda.
Exemplo: Fabiana Azevedo, 3 ano C (Quimica)