LinkWithin

Related Posts with Thumbnails

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sociedade contra o Estado e Subdesenvolvimento (3º ano)



Sociedade contra o Estado

Pierre Clastres

In: Marilena Chauí
Convite à Filosofia
P. 377-379


Fomos acostumados pela tradição antropológica européia a considerar as sociedades existentes na América como atrasadas, primitivas e inferiores. Essa visão nasceu do processo de colonização e conquista, iniciado no século XVI. Os conquistadores e colonizadores que aportaram na América interpretaram as diferenças entre eles e os nativos americanos como distinção hierárquica entre superiores e inferiores: para eles os “índios” não tinham lei, rei, fé, escrita, moeda, comércio, História; eram seres desprovidos dos traços daquilo que, para o europeu cristão, súdito de monarquias, constituiria a civilização.
Sem dúvida, os conquistadores encontraram grandes impérios na América: incas, astecas e maias. Por isso, os destruíram a ferro e fogo, exterminando as gentes, pilhando as riquezas e erigindo igrejas sobre seus templos. Todavia, exceto por esses impérios destruídos, os conquistadores encontraram as demais nações americanas organizadas de maneira incompreensível para os padrões europeus. Transformaram o que eram incapazes de compreender em inferioridade dos americanos. Considerando-os selvagens e bárbaros, justificavam a escravidão, a evangelização e o extermínio.
A visão européia, depois compartilhada pelos brancos americanos, era e é etnocêntrica, isto é, considera padrões, valores e práticas dos brancos adultos proprietários europeus como universais e definidores da Cultura e da civilização. Para o etnocentrismo, portanto, os nativos americanos possuíam e possuem sociedades carentes: falta-lhes o mercado (moeda e comércio), a escrita (alfabética), a História e o Estado. Possuem, portanto, sociedades sem comércio, sem escrita, sem memória e sem Estado.
O antropólogo francês Pierre Clastres estudou essas sociedades por um prisma completamente diferente, longe do etnocentrismo costumeiro. Mostrou que possuem escrita, mas que esta não é alfabética nem ideográfica ou hieroglífica (isto é, não é a escrita conhecida pelos ocidentais e orientais), mas é simbólica, gravada nos corpos das pessoas por sinais específicos, inscrita com sinais específicos em objetos determinados e em espaços determinados. Somos nós que não sabemos lê-la.
Mostrou também que possuem memória – mitos e narrativas dos povos -, transmitida oralmente de geração em geração, transformando-se de geração em geração. Mostrou, pelas mudanças na escrita e na memória, que tais sociedades possuem História, mas que esta é inseparável da relação dos povos com a Natureza, diferentemente da nossa História, que narra como nos separamos da Natureza e como a dominamos. Mas, sobretudo, mostrou por que e como tais sociedades são contra o mercado e contra o Estado. Em outras palavras, não são sociedades sem comércio e sem Estado, mas contrárias a eles.
As sociedades indígenas estudadas por Clastres são sul-americanas, encontrando-se num estágio anterior ao das sociedades indígenas da América do Norte e dos três grandes impérios situados no México, na América Central e no norte da América do Sul. São, portanto, sociedades que não se organizaram na forma das chefias norte-americanas nem dos grandes impérios, mas inventaram uma organização deliberada para evitar aquelas duas formas de poder.
As sociedades indígenas são tribais ou comunais. Nelas, não há propriedade privada nem divisão social do trabalho, não havendo, portanto, classes sociais nem luta de classes. A propriedade é tribal ou comum e o trabalho se divide por sexo e idade. São comunidades no sentido pleno do termo, isto é, são internamente homogêneas, unas e indivisas, possuindo uma História e um destino comuns. São sociedades do cara-a-cara, onde todos se conhecem pelo nome e são vistos uns pelos outros diariamente.
Por isso mesmo, nelas o poder não se destaca nem se separa, não forma uma instância acima dela (como na política), nem fora dela (como no despotismo). A chefia não é um poder de mando a que a comunidade obedece. O chefe não manda; a comunidade não obedece. A comunidade decide para si mesma, de acordo com suas tradições e necessidades.
A oposição se estabelece não no interior da comunidade, mas em seu exterior, isto é, nas relações com as outras comunidades, portanto, no que se refere à guerra e às alianças de sangue pelo casamento. A função da chefia é representar a comunidade perante outras comunidades.
O que é e o que faz o chefe, uma vez que não tem a função do poder, pois este pertence à comunidade e dela não se separa? O chefe possui três funções: doar presentes, fazer a paz e falar.
Exprimindo a benevolência dos deuses e a prosperidade da comunidade, o chefe deve, em certos períodos, oferecer presentes a todos os membros da tribo, isto é, devolver a ela o que ela mesma produziu. A doação de presentes é a maneira deliberada que a comunidade inventou para impedir que alguém possa concentrar bens e riquezas, tornar-se proprietário privado, criar desigualdade econômica e social, de onde surgem a luta de classes e a necessidade do poder do Estado.
Quando famílias ou indivíduos entram em conflito, o chefe deve intervir. Não dispõe de códigos legais para arbitrar o conflito em nome da lei. Que faz ele? A paz. Como a obtém? Apelando para o bom senso das partes, aos bons sentimentos, à memória da comunidade, à tradição do bom convívio entre as pessoas. Em suma, através dele a comunidade fala para reafirmar-se como comunidade indivisa.
Excetuando-se a doação de presentes, a paz entre membros da comunidade, a diplomacia para tratar com outras comunidades aliadas e o direito a usar a força, liderando os guerreiros durante a guerra, a grande função da chefia situa-se na fala ou na Grande Palavra. Todas as tardes, o chefe se dirige a um local distante da aldeia, mas visível e de onde possa ser ouvido, e ali discursa. Embora ouvido, ninguém deve dar-lhe atenção e o que ele diz não é ordem ou comando obrigando à obediência. Que diz ele? Diz a palavra do poder: canta sua força e coragem, seu prestígio, sua relação com os deuses, seus grandes feitos. Mas ninguém lhe dá atenção. Ninguém o escuta.
A Grande Palavra tem significado simbólico: a comunidade lembra a si mesma, diariamente, o risco e o perigo que correria se possuísse um chefe que lhe desse ordens e ao qual devesse obedecer. A Grande Palavra simboliza a maneira pela qual a comunidade impede o advento do poder como algo separado dela e que a comandaria pela coerção da lei e das armas. Com a cerimônia da Grande Palavra, a sociedade se coloca contra o surgimento do Estado.
Toda vez que o chefe não realiza as três funções internas e a função externa tais como a comunidade as define, todas as vezes que pretende usar suas funções para criar o poder separado, ele é morto pela comunidade.
Evidentemente, nossa tendência será dizer que tal organização é própria de povos pouco numerosos e de uma vida sócio-econômica muito simples, parecendo-nos, a nós, membros de sociedades complexas e de classes, uma vaga lembrança utópica. Pierre Clastres, porém, indaga: Por que outras comunidades, mundo afora, não foram capazes de impedir o surgimento da propriedade privada, das divisões sociais de castas e classes, das desigualdades que resultaram na necessidade de criar o poder separado, seja como poder despótico, seja como poder político? Por que, afinal, os homens sucumbiram à necessidade de criar o Estado como poder de coerção social?

Atividade
Responda em seu caderno.

Por que outras comunidades, mundo afora, não foram capazes de impedir o surgimento da propriedade privada, das divisões sociais de castas e classes, das desigualdades que resultaram na necessidade de criar o poder separado, seja como poder despótico, seja como poder político? Por que, afinal, os homens sucumbiram à necessidade de criar o Estado como poder de coerção social?

Anotações do Professor


O Subdesenvolvimento

1950-1960 - subdesenvolvimento e pais subdesenvolvido
1970-1990 - terceiro mundo e terceiro mundismo
Atualmente pais emergente e pais em desenvolvimento

Características do subdesenvolvimento


Antes de vermos o conceito de subdesenvolvimento veremos algumas caracteristicas comuns a todos os países considerados subdesenvolvidos.
# baixa renda per capita
#dependência econômica e tecnológica em relação a países desenvolvidos
#desigualdade na distribuição de renda, desigualdade (violenta)
Taxas elevadas de mortalidade infantil.
Altos índices de analfabetismo
Má distribuição da propriedade da terra
Divida externa elevada
Economia controlada por multinacionais que acabam por tomar decisões fora do pais.
Corrupção generalizada em órgãos administrativos e em outros setores do estado
Desrespeito aos direitos humanos
Assim podemos ver os países com baixos níveis de desenvolvimento humano, econômico e social.

Subdesenvolvimento Brasileiro


Alguns dados sobre o Brasil:

População de 174 milhões (2003)
81% em área urbana
19% em zona rural

16 milhões de pessoas vivem em estado de miséria absoluta com renda anual de menos de 60 reais

86%milhoes de brasileiros consomem por dia menos de 2240 calorias que é considerado o mínimo que para uma vida normal

10% da população vive com menos de um salario mínimo por mês

Em cada grupo de mil crianças nascidas cerca de 32.2 morrem antes de completar 1 ano.

Indicadores do subdesenvolvimento.

Como já vimos um pais pode ser chamado de subdesenvolvido por certas características

Os especialistas agrupam essas características em indicadores.

Indicadores vitais: insuficiência alimentar, grande incidência de doenças, altas taxas de natalidade,  nestes países proliferam doenças como: tuberculose, parasitoses intestinais, sarampo, malária, dengue, etc...

Indicadores socioeconômicos: baixa renda per capita que também é chamada renda por habitante, a renda per capita é o resultado da divisão da renda nacional pela população do pais. É um dos indicadores mais usados para medir o subdesenvolvimento.

O grande despertar

O economista sueco Gunnar Myrdal diz que hoje as populações subdesenvolvidas já tem noção de sua situação mas ao mesmo tempo veem pelos meios de comunicação como são os países  desenvolvidos e mais industrializados, e assim tendem a querer imitar o estilo de vida, de consumo destes outros países sem mesmo ter condições para tal.


Porem olhando pra tudo isso vemos que os indicadores não são absolutos, pois existem países que não subdesenvolvidos que possuem um ou outro indicador.

As origens do subdesenvolvimento

Se olharmos sobre todos os pontos vistos ate agora percebemos uma dependência econômica e as vezes ate mesmo politica dos países subdesenvolvidos em relação aos grandes centros industrializados.
Percebemos que de um modo geral a maioria dos países subdesenvolvidos foram colônias de países desenvolvidos.

Do movimento de europeização do mundo com a conquista da américa, o trafico de escravos africanos e a exploração de produtos do oriente, as chamadas especiarias. Isso integrou novas áreas a orbita politica e econômica das nações europeias.

Deste movimento observamos dois tipos de colonia: a de povoamento e a de exploração.

Povoamento
Desempregados e grupos perseguidos religiosamente aceitavam vir morar e reproduzir. A maneira de ver e viver do pais de origem.
Ex: estados Unidos, canada, nova Zelândia Austrália.

Exploração
Nações europeias com a finalidade de extrair bens comercializáveis na Europa.
Inicialmente a procura era por metais preciosos
Todos os países que sofreram coma colônia de exploração se converteram em países subdesenvolvidos. Ex: Brasil, Antilhas, peru, México



Nenhum comentário: